As pessoas que recebem o diagnóstico de transtorno depressivo maior costumam ser tratadas com antidepressivos. A resposta ao tratamento é considerada positiva quando há redução de 50% ou mais dos sintomas iniciais. Isto parece bastante desanimador, e é. Atualmente, o objetivo do tratamento é a remissão completa dos sintomas, assim como a permanência dessa melhora. Um dos fatores que costuma trazer bastante aflição aos pacientes e a seus familiares é o tempo que o antidepressivo demora para agir, no mínimo, duas semanas. A explicação mais aceita para isto é o tempo necessário para os antidepressivos bloquearem um ou mais transportadores de serotonina, noradrenalina e/ou dopamina que levam de volta esses neurotransmissores para dentro da célula. Com isso, ao permanecerem fora da célula por mais tempo, podem alongar suas ações antes de serem recolhidos.
Recentemente, foi publicado um estudo com ratos especiais nos quais foram comparados dois tratamentos: um com a aplicação por via intranasal de um composto do antidepressivo sertralina associado a um oligonucleotídeo inibitório de RNAs (moléculas formadas por sequências curtas de DNA ou RNA utilizadas para inibir genes) e o outro com o uso da fluoxetina. O objetivo era avaliar o tempo necessário para os antidepressivos exercerem seus efeitos. Eles observaram que o efeito antidepressivo do composto sertralina-oligonucleotídeo inibitório de RNAs surgiu em apenas uma semana; já o grupo que usou a fluoxetina, os efeitos apareceram em quatro semanas.
Apesar de ser um estudo pré-clinico, o seu potencial terapêutico é enorme. Se funcionar também em humanos, poderemos utilizar os antidepressivos atuais e obter resultados mais rápidos e até com menos efeitos colaterais.
Fontes:
Ferrés-Coy A, Galofré M, Pilar-Cuéllar F e cols. Molecular Psychiatry, 2015.
Stahl SM. Psicofarmacologia, 4ª edição, 2014.
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