Ouvi de clientes e conhecidos que tiveram sonhos “vívidos”, “intensos”, “coloridos”, “alucinógenos”, “cansativos”, “agressivos” ou pesadelos após tomarem antidepressivos – de outros, quando aumentaram a dose. Alguns cogitaram, inclusive, parar de tomá-los. Felizmente, essas situações foram resolvidas e continuaram os tratamentos.
A maioria dos antidepressivos, ou talvez todos, pode causar esses tipos de sonhos, tanto no início do tratamento como na retirada. No entanto, os antidepressivos como a fluoxetina, a sertralina, o citalopram, o escitalopram (antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da serotonina ou ISRS), a venlafaxina, a desvenlafaxina, a duloxetina (inibidores seletivos da recaptação da serotonina e da noradrenalina ou ISRSN), mirtazapina (anidepressivo dual da serotonina e norepinefria) e a bupropiona (inibidor da recaptação da norepinefrina e dopamina) causam mais desses sonhos do que os mais antigos (amitriptilina, imipramina e a clomipramina ou antidepressivos tricíclicos) - a possível exceção é a clomipramina, já que as evidências mostram que pode desencadear sintomas relacionados ao transtorno comportamental do sono REM. Os antidepressivos tricíclicos são muito efetivos, mas são menos prescritos pelos médicos principalmente por causa dos seus efeitos colaterais.
Segundo as evidências, o surgimento desses sonhos não depende da dose do antidepressivo, principalmente nos ISRS. Ainda assim, em algumas pessoas, podem surgir com o aumento da dose.
Algumas possíveis soluções: aguardar a diminuição dos sonhos; se for possível, reduzir a dose; e, por fim, trocar o antidepressivo.
Palavras-chaves: sono, sonhos, pesadelos, depressão, antidepressivos, transtorno comportamental do sono REM, dormir e viver bem.
Fontes:
Tribl GG, Wetter TC, Schredl M. Sleep Medicine Reviews, 2013.
Stahl SM. Psicofarmacologia, capítulo 7, 2014. |